domingo, 7 de junho de 2009

CULTURA INDÍGENA

Hoje as etnias indígenas lutam para afirmar sua diferença. Orgulhosos de suas raízes, trabalham no sentido de valorizar suas histórias, idiomas e saberes no campo da ciência, arte e visão de mundo. E, mais uma vez o instrumento para a escola. Uma escola que tem como fundamento a pluralidade cultural, garantia para a presença dos valores de cada etnia e do trânsito entre as culturas.
A história de cinco séculos de contato das etnias indígenas brasileiras com a civilização branca é algo9 que ainda não se aprende na escola. Se hoje a sociedade brasileira conhece as "santas intenções" de padres que tentavam catequizar os índios, ela pouco sabe os séculos de extermínio que baixaram a população de dez milhões, quando da chegada de Cabral, para 350 mil índios, atualmente. Nossa sociedade também desconhece o patrimônio cultural de 210 etnias presentes em solo brasileiro, guardiãs de 180 línguas que configuram territórios simbólicos distintos.
Os índígenas desejam uma escola de vanguarda.
Essa escola já está bem estruturada no papel. Da Constituição de 1988, que se artigo 210 assegura às comunidades indígenas no Ensino Regular "o uso de suas línguas maternas" e processos próprios de aprendizagem e garante a prática do ensino bilingue, passando por portarias e decretos e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1966, chegamos ao Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, elaboradas pelo Ministério de Educação e Desportos em 1988.
Quanto às propostas pedagógicas , o documento estabelece seis temas transversais apresentados pelos professores índios: terra e biodiversidade, auto-sustentação, direitos, lutas e movimentos, ética indígena, pluralidade cultural e educação e saúde.
São exemplos que os povos indígenas nos dão, a exemplo dos Pataxós de Coroa Vermelha (Ba), estão reconstruindo a sua identidade, através da escola indígena que prepara o aluno para atuar junto à sua comunidade e para que possam sair um dia da aldeia e ser respeitado lá fora.
As etnias indígenas que vivem na Bahia enfrentam o preconceito por assumirem suas raízes - como se o fato de ser índio as desvalorizassem perante os olhos da sociedade, mas também encontram dificuldades ao reivindicarem o reconhecimento de suas origens.
Os Kiriri, que vivem no município de Mirandela, no nordeste da Bahia, e reconquistaram suas terras em 1995, após décadas de confrontos com fazendeiros do lugar,
Ansiosos pela afirmação de seu "ser índio", os Kiriri estão adotando atitudes radicais a exemplo de usar apenas vestimentas originais dentro do território. Em relação ao idioma, a idéia é que todos aprendam com as poucas pessoas que dominam e falam apenas na língua kiriri na aldeia e não vai dar o significado, quem quiser aprender, terá que estudar.
Os índios Tuxá, vivem em Rodelas, norte da Bahia. Nessa aldeia os índios lutam pela implantação da escola diferenciada. "Sabemos que a educação vai fundamentar nossa existência.
A população indígena sofreu discriminação, hierarquizações superior e inferior, utilizando projetos expansionistas e colonizadores, atitudes racistas, xenófobas, preconceituosas e classistas que legaram aos descendentes brasileiros cinco séculos de ocupação estrangeira, que mutilou e subjugou o povo nativo encontrado no litoral.
Os riscos de desaparecimento dessas comunidades decretam estado de urgência nas providências a serem tomadas para preservar traços fundamentais à sua cultura como diversidade.As diferentes culturas existentes em 1500, hoje estão reduzidas ou não existem mais. .O extermínio europeu, reconhecido por alguns como relação cordial entre civilizações, foi muito eficaz.
O trabalho de catequese sabiamente executado pelos jesuítas deixou apenas o saldo do tupi-guarani. O restante das línguas desapareceu.
O nosso maior problema é que desde cedo, nunca aprendemos na escola a valorizar a cultura dominada, seja indígena ou africana. Tampouco aprendemos com ênfase sobre o legado cultural e sua consequente influência nos tempos atuais. O índio Álvaro Tucano diz: "é muito humilhante sermos tratados como estrangeiros dentro de nosso próprio país".
No século XXI, passados os períodos da colônia, do império e mais de cem anos de república, é preciso ressaltar que a sociedade brasileira ainda ignora e trata com descaso o trabalho, a cultura e o espaço territorial e social do índio. O avanço das conquistas deu novos contornos ao território indígena através da aculturação, exploração, escravidão, do genocídio.
Não é demais dizer que a situação do índio é pior do que no passado por quatro motivos básicos: 1)todo o seu patrimônio cultural foi reduzido;2)seus valores foram contaminados pelos ensinamentos católicos; 3) falta-lhes um estatuto do Povo Indígena e 4) a Constituição considera-o como cidadão apenas para constar.
A multiplicidade de suas manifestações culturais, rituais religiosos e idiomas, é o que caracteriza e faz diferença entre os grupos étnicos ou nações. As nações indígenas são diferentes nos nomes, nos agrupamentos das línguas. Cada grupo ou comunidade tem seu território, cultura familiar, religiosa, política, ecológica. Cada território constitui um universo...